Reputação corporativa na era da IA: desafios e oportunidades

Firefly_uma profissional de comunicação dando treinamento media training para executivos Reputação corporativa na era da IA: desafios e oportunidades

A inteligência artificial já não é mais uma promessa futurista, ela está moldando, em tempo real, a forma como as marcas constroem e protegem sua reputação. 

No centro dessa transformação está um ponto crucial: como equilibrar a eficiência técnica da IA com a empatia, a autenticidade e os valores humanos que sustentam a reputação corporativa?

Neste artigo, vamos explorar os principais insights apresentados por Sheila Magri, Diretora Executiva na ABRACOM & Especialista em reputação e comunicação corporativa, no painel ‘Reputação corporativa na era da IA: desafios e oportunidades’ durante o evento Tendências da IA — Novos rumos para a comunicação corporativa e reputacional. 

A reflexão é fundamental para quem atua em comunicação e precisa tomar decisões estratégicas em um cenário cada vez mais automatizado, mas também mais exigente em autenticidade e propósito.

Inteligência artificial: promessa ou ameaça para a reputação corporativa?

A primeira provocação feita por Sheila é direta: a inteligência artificial é uma promessa ou uma ameaça para a reputação corporativa? A resposta não é simples, e justamente por isso é urgente.

De um lado, há um claro potencial: agilidade, personalização, análise de dados em tempo real e redução de custos. Do outro, surgem riscos como a homogeneização da linguagem de marca, a perda de empatia nas interações automatizadas e, pior, a possibilidade de crises reputacionais desencadeadas por erros de algoritmos, uso ético questionável ou dependência excessiva de sistemas automatizados.

Esse dilema abre caminho para um debate mais profundo: como alinhar tecnologia e valores humanos em um ecossistema de comunicação reputacional cada vez mais híbrido?

Leia também: O papel da inteligência artificial na comunicação corporativa

Impactos diretos da inteligência artificial na reputação corporativa

À medida que a inteligência artificial se infiltra em processos de comunicação, marketing e atendimento, ela passa a ocupar um papel central na percepção pública das marcas.

Sheila alerta para o risco da homogeneização algorítmica, ou seja, quando a IA, ao buscar padrões, tende a eliminar a singularidade de cada marca. Em vez de diferenciação, vemos discursos, imagens e experiências que soam genéricos, padronizados.

Segundo pesquisas citadas no painel por Sheila, a IA, quando usada isoladamente em processos criativos como brainstorms, tende a gerar ideias menos originais. Isso representa um risco para marcas que dependem da criatividade como ativo estratégico.

Além disso, 80% dos executivos temem que a IA contribua para a perda de identidade entre as marcas. Ou seja, o desafio não está somente em usar a tecnologia, mas em usá-la para manter, ou até reforçar, os traços distintivos da organização.

Ética, Transparência e Governança: Novos Imperativos

Com a popularização de recursos como deepfakes, clones digitais e bots autônomos, a autenticidade entrou em crise. Se não for possível confiar que uma declaração, uma imagem ou um vídeo de uma marca são reais, a confiança, que é a base da reputação, fica comprometida.

Sheila reforça a necessidade de criar governança ética para o uso da IA na comunicação. Isso envolve desde políticas internas sobre o uso de ferramentas generativas, até diretrizes claras de transparência com o público.

Nesse novo cenário, o comunicador não é apenas um executor técnico, mas um guia estratégico capaz de equilibrar eficiência tecnológica e responsabilidade ética.

A convivência entre humanos e máquinas

Outro ponto central do painel é a coexistência de agentes humanos e não humanos no ambiente comunicacional. 

Robôs de atendimento, avatares digitais e sistemas de monitoramento de redes já são uma realidade. Mas como garantir que esses agentes representem de forma fiel os valores e a voz da marca?

Sheila propõe que o papel do comunicador se amplie: não basta dominar ferramentas, é preciso compreender o impacto simbólico, cultural e emocional das mensagens automatizadas.

O desafio aqui é manter a consistência, coerência e presença humana, mesmo em interações mediadas por máquinas. A reputação depende, cada vez mais, dessa orquestração híbrida.

Veja mais em: Agentes de IA para profissionais da comunicação

IA, sustentabilidade e desigualdade

A inteligência artificial não é neutra, e seus impactos vão além da comunicação. Sheila traz uma reflexão relevante sobre a pegada ecológica e social da IA: seu uso exige altos níveis de energia, consumo de recursos minerais escassos e pode acentuar desigualdades, especialmente entre empresas com maior ou menor acesso à tecnologia.

Nesse contexto, a reputação corporativa se conecta diretamente com questões de sustentabilidade e responsabilidade social. Marcas que se apropriam da IA sem considerar seus efeitos colaterais podem ser questionadas por públicos cada vez mais atentos ao impacto ambiental e ético das suas escolhas.

Portanto, a transparência sobre o uso da IA, aliada a um compromisso com práticas sustentáveis, se torna um diferencial reputacional valioso.

O novo perfil do comunicador e as agências do futuro

Para dar conta desses novos desafios, surge a figura do comunicador “generalista-estrategista”. Alguém capaz de conectar tecnologia, cultura, dados, empatia e ética, e de atuar tanto em decisões técnicas quanto simbólicas.

As agências de comunicação, por sua vez, são convidadas a evoluir: mais do que prestadoras de serviço, devem se tornar desenvolvedoras de ecossistemas reputacionais inteligentes. Isso significa, por exemplo, criar algoritmos próprios, proteger propriedade intelectual e oferecer soluções que integrem IA com estratégias de reputação, cultura organizacional e posicionamento público.

É um movimento de transição de “agência de comunicação” para “agência de inteligência reputacional”.

Oportunidade ou risco: como agir agora?

Diante de tudo isso, a principal mensagem do painel é clara: a inteligência artificial pode ser uma grande aliada da reputação corporativa, desde que usada com consciência, estratégia e responsabilidade.

O que fazer na prática?

  • Reveja a estratégia de marca: certifique-se de que a IA está sendo usada para reforçar, e não diluir, a identidade da marca.
  • Implemente governança de IA: crie políticas internas, defina limites éticos e estabeleça diretrizes claras para uso de ferramentas automatizadas.
  • Capacite sua equipe: invista em formação multidisciplinar que una dados, tecnologia, criatividade e ética.
  • Foque na autenticidade: preserve a presença humana, a empatia e o senso de propósito nas interações mediadas por IA.
  • Integre IA e ESG: avalie e comunique o impacto socioambiental da tecnologia adotada pela sua organização.

Conclusão

A reputação corporativa e a inteligência artificial já estão profundamente entrelaçadas. O que está em jogo não é apenas a adoção de uma nova tecnologia, mas uma mudança de paradigma na forma como as marcas se posicionam, se relacionam e se responsabilizam perante seus públicos.

Seja como oportunidade de diferenciação ou como risco reputacional, a inteligência artificial exige decisões conscientes e estratégicas. E é justamente no meio desse cenário desafiador que a comunicação ganha um novo protagonismo.

A boa notícia? Há espaço, e necessidade, para profissionais que saibam unir tecnologia e sensibilidade, dados e ética, eficiência e autenticidade. E, nesse novo cenário, a reputação será tão inteligente quanto forem as escolhas por trás dela.

Assista ao Webinar na íntegra e veja mais insights:

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