Categoria: Gestão de crise

Gestão de Crise: o que é, fundamentos e estratégias

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O que é a gestão de crise, sua importância e estratégias para proteger a reputação empresarial em situações críticas

A crise de imagem pode acontecer a qualquer momento e para qualquer empresa. Por isso, a gestão de crise é um componente crítico e fundamental na administração de organizações — não necessariamente quando uma crise acontece, mas também para a prevenção. 

Afinal, as informações são disseminadas de forma quase instantânea, principalmente quando se trata do digital. Por conta disso, muitas organizações enfrentam riscos crescentes à reputação e estabilidade. Logo, a preparação e a resposta eficaz a crises são habilidades primordiais para líderes e equipes de comunicação. Isso acaba influenciando diretamente na continuidade e no sucesso do negócio. 

O que é gestão de crise?

A gestão de crise engloba um conjunto de estratégias e ações coordenadas para identificar, antecipar e responder a eventos que podem prejudicar significativamente a reputação, as operações ou a situação financeira de uma organização.

Uma crise pode ser definida como um transtorno significativo nos negócios que atrai atenção midiática intensa. Tal situação pode afetar as operações normais da organização e ter impactos em diversas áreas, incluindo aspectos políticos, legais, financeiros e governamentais.

A importância da preparação

A preparação é um elemento crucial na gestão de crise. Muitos profissionais de comunicação corporativa consideram a preparação para crises como uma de suas responsabilidades mais importantes.

Os componentes essenciais da preparação incluem:

1. Identificação de cenários potenciais de crise;

2. Desenvolvimento de planos de resposta;

3. Treinamento de equipes;

4. Estabelecimento de canais de comunicação eficientes.

Um planejamento adequado reduz os possíveis danos de uma crise e também pode proporcionar oportunidades para demonstrar liderança e reforçar a confiança dos stakeholders.

Fases da gestão de crise

A gestão de crise eficaz envolve três fases principais: a pré-crise, a resposta à crise e o pós-crise.

Fase pré-crise: Preparação e prevenção

Esta fase é crucial para minimizar os impactos potenciais de uma crise. A primeira atividaderealizada é a análise dos riscos, onde ocorre uma identificação sistemática de vulnerabilidades e ameaças potenciais à organização. Outro ponto de extrema importância é desenvolver planos de crise — ou seja, a criação de protocolos detalhados para diferentes cenários de instabilidade.

Também é fundamental ter profissionais preparados e treinados para lidar com emergências. Portanto, dependendo do contexto e da empresa, é interessante a formação da equipe de gestão de crise, com a seleção e treinamento de profissionais-chave. Uma pesquisa promovida pela Deloitte mostra que 81% dos respondentes possuem papéis e responsabilidades documentadas para um momento de crise. 

O uso de ferramentas de monitoramento apropriadas é outra forma de facilitar o processo de identificação de crises. Segundo o mesmo estudo da Deloitte, 63% dos entrevistados realizam monitoramento para prevenir crises. Por fim, é pertinente a realização de simulações e treinamentos com exercícios práticos para testar e aprimorar os planos de resposta.

Fase de resposta à crise: Gerenciamento ativo

Quando uma crise ocorre, a resposta imediata é primordial. As ações principais nesta fase incluem a ativação do plano de crise, que envolve a mobilização da equipe de gestão de crise e implementação dos protocolos estabelecidos. A avaliação da situação é fundamental, realizando uma análise rápida e precisa da natureza e extensão da crise. A comunicação de crise também é essencial, implementando estratégias de comunicação transparentes e consistentes com todas as partes interessadas. 

A contenção de danos é prioritária, com ações imediatas para limitar o impacto negativo da crise. O monitoramento contínuo é mais do que necessário — pois permite acompanhar a evolução da crise e ajustar as estratégias conforme necessário.

Fase pós-crise: Recuperação e aprendizado

Após a fase aguda da crise, é preciso focar na recuperação e na extração de lições. As atividades principais incluem a avaliação de impacto, com uma análise detalhada dos efeitos da crise na organização. A implementação de melhorias é crucial, realizando ajustes nos processos e políticas com base nas lições aprendidas. 

A reconstrução da reputação é um esforço contínuo para restaurar a confiança e a imagem da organização. Por fim, a revisão e atualização do plano de crise é necessária, incorporando novos insights ao plano existente.

Estratégias de comunicação de crise

A comunicação eficaz é um elemento crítico na gestão de crise. Algumas estratégias-chave incluem rapidez e transparência, respondendo prontamente com informações precisas e honestas. Além disso, empatia e responsabilidade são importantes por demonstrarem compreensão e por assumirem a responsabilidade quando apropriado. 

A consistência da mensagem também é fundamental, mantendo uma narrativa coerente em todos os canais de comunicação, incluindo a escolha do porta-voz adequado, selecionando um representante capacitado e confiável para se comunicar com o público. O uso estratégico de mídias sociais é igualmente relevante, afinal, é uma forma de comunicação direta com os stakeholders e de monitoramento da percepção pública.

Tecnologia na gestão de crise

A tecnologia desempenha um papel cada vez mais importante na gestão de crise moderna. Os sistemas de alerta precoce, como ferramentas de monitoramento avançadas, que possuem análise de dados, são úteis para identificar potenciais crises. As plataformas de comunicação de emergência são sistemas para comunicação rápida e eficiente com funcionários e stakeholders. 

As ferramentas de análise de dados são tecnologias para avaliar o impacto da crise e a eficácia das respostas. Além do mais, com o excesso de informações e menções a uma marca em momentos de crise, é importante ter uma solução que consiga captar todas as informações de forma assertiva e rápida, o que será fundamental no processo de gestão de crise.

Desafios comuns na gestão de crise

Algumas das dificuldades frequentemente enfrentadas incluem a velocidade da informação, onde a rápida disseminação de informações, especialmente nas mídias sociais, pode amplificar uma crise rapidamente. A complexidade organizacional é outro desafio, pois estruturas corporativas complexas podem dificultar respostas rápidas e coordenadas. A pressão do tempo é um fator crítico, com a necessidade de tomar decisões críticas sob tensão. 

A incerteza é um desafio constante, além de lidar com informações incompletas ou em constante mudança durante uma crise. Por fim, as expectativas do público representam um desafio significativo, sendo necessário gerenciar as expectativas crescentes de transparência e responsabilidade corporativa.

Estudos de caso

Para ilustrar a importância da gestão de crise eficaz, consideremos dois exemplos contrastantes:

Caso 1: Resposta Eficaz – Zoom e as Preocupações com Segurança (2020)

No início de 2020, com o aumento repentino do uso devido à pandemia de COVID-19, a Zoom enfrentou críticas severas sobre problemas de segurança e privacidade em sua plataforma.

Veja as ações da empresa:

  • Reconhecimento rápido: O CEO, Eric Yuan, admitiu publicamente as falhas e se comprometeu a corrigi-las;
  • Ação imediata: A empresa implementou uma pausa de 90 dias em novos recursos para focar exclusivamente em segurança e privacidade;
  • Transparência: Zoom realizou webinars semanais para atualizar usuários sobre melhorias de segurança;
  • Expertise externa: Contratou especialistas em segurança, incluindo Alex Stamos, ex-CSO do Facebook;
  • Melhorias concretas: Implementou criptografia de ponta a ponta e outras medidas de segurança.

Como resultado, a Zoom conseguiu manter sua posição de liderança no mercado e melhorou significativamente sua reputação em termos de segurança.

Caso 2: Resposta Ineficaz – Boeing e a Crise do 737 MAX (2018-2021)

Após dois acidentes fatais envolvendo o Boeing 737 MAX em 2018 e 2019, a Boeing enfrentou uma crise prolongada. A companhia teve diversos problemas na gestão da crise. Veja:

  • Demora em reconhecer o problema: A Boeing inicialmente resistiu em admitir falhas no design da aeronave;
  • Comunicação inconsistente: Mensagens contraditórias sobre a segurança do avião causaram confusão;
  • Falta de transparência: A empresa foi criticada por não compartilhar informações completas com reguladores e companhias aéreas;
  • Lentidão nas ações corretivas: O processo de correção e recertificação da aeronave foi demorado;
  • Falha em abordar questões culturais: Críticas apontaram problemas na cultura de segurança da empresa.

Como resultado, a Boeing sofreu danos significativos à sua reputação, perdas financeiras substanciais e uma queda na confiança do público e das companhias aéreas.

Tendências futuras na gestão de crise

O campo da gestão de crise continua a evoluir. Algumas tendências emergentes incluem a inteligência artificial e machine learning, com o uso de tecnologias avançadas para prever e analisar crises. A realidade virtual está ganhando espaço, permitindo a implementação de treinamentos de crise mais imersivos e realistas. 

A gestão de crise em tempo real está se tornando cada vez mais importante, com o desenvolvimento de ferramentas para respostas ainda mais rápidas e adaptáveis. Há também um crescente foco na resiliência organizacional, representando uma mudança de uma abordagem reativa para uma postura mais proativa e resiliente.

Conclusão

A gestão de crise eficaz é uma competência essencial para as organizações modernas. Mediante uma preparação cuidadosa, resposta rápida e aprendizado contínuo, as empresas podem sobreviver a crises e emergir mais fortes e resilientes.

Por isso, investir em estratégias robustas de gestão de crise é uma medida proativa que fortalece a confiança dos stakeholders e demonstra liderança em momentos críticos. À medida que o ambiente de negócios evolui, a capacidade de lidar eficazmente por crises se torna um diferencial competitivo.

As organizações que priorizam a gestão de crise como parte integral de sua estratégia empresarial estão melhor posicionadas para enfrentar desafios inesperados. Elas desenvolvem a agilidade necessária para adaptar-se rapidamente a situações em constante mudança e a resiliência para superar adversidades.

A gestão de crise eficaz vai além da simples mitigação de danos. Ela oferece oportunidades para as empresas reafirmarem seus valores, fortalecerem relacionamentos com clientes e parceiros, e impulsionarem inovações que podem beneficiar toda a organização a longo prazo. As organizações que dominam esta habilidade protegem sua reputação e seus ativos e constroem uma base sólida para crescimento e liderança futuros.

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