Diversidade e inclusão – ou D&I para facilitar a escrita – são termos que estão sendo abordados em várias áreas de nossa vida, da política à comunicação corporativa.
Nessa última, que é a que nos interessa neste artigo, as empresas têm se desdobrado para definir como conversar com colaboradores, parceiros e consumidores a partir de uma gama maior de perfis.
Dessa forma, oferecem não apenas a oportunidade de autorreconhecimento, mas também de mudanças de paradigmas sociais.
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Por que se fala em diversidade e inclusão na comunicação corporativa?
Como já foi dito, diversidade e inclusão são temas cada vez mais debatidos na sociedade e, logo, nas organizações.
Sendo assim, as empresas estão sendo demandadas a definir seu posicionamento sobre temas como racismo, homofobia, transfobia, igualdade de gênero, direitos maternos etc.
Nesse ambiente, o desafio é trazer as discussões e seus resultados para as estratégias de negócio e posicionamento. Feito isso, é preciso adaptar a comunicação corporativa para mostrar como a marca lida com essa nova realidade.
Respondendo à pergunta do título, falamos em diversidade e inclusão na comunicação porque essa é a representação da postura da marca. Ou seja, é ela que vai mostrar como determinado tema é abordado por toda a organização.
Como iniciar a discussão?
Em muitas situações, diversidade e inclusão são tratados como um assunto único, o que está errado. Afinal, são temas diferentes, apesar de complementares.
Diversidade é pluralidade, é diferença. Quando falamos em termos sociológicos, podemos estar nos referindo à diversidade cultural, biológica ou étnica, por exemplo.
Mas, de uma forma geral, o termo tem sido usado no mundo corporativo como uma representação de pluralidades de pessoas com diversas vivências, culturas, identidades de gênero, idade, orientação sexual e condições socioeconômicas.
Já inclusão significa trabalhar pela igualdade entre diferentes indivíduos sociais. É a busca por garantir que todos tenham o direito de participar das várias dimensões do ambiente social sem qualquer discriminação ou preconceito.
Em uma empresa, isto significa repensar tanto o local e formato de trabalho quanto o modelo de comunicação empregado. Para deixar ainda mais clara a relação entre os termos, podemos pensar que “diversidade é chamar para a festa e inclusão é chamar para dançar”.
Ou seja, uma empresa com colaboradores diversos é diversa. No entanto, para ser inclusiva precisa também possibilitar o desenvolvimento e o envolvimento de todos os seus públicos.
Comunicação corporativa inclusiva
A comunicação corporativa é composta por todos os processos e conteúdos comunicacionais que circulam entre o público interno e externo de uma organização. Logo, é o motor por trás da construção da percepção da reputação e credibilidade da empresa.
No caso da diversidade e inclusão, a comunicação precisa não apenas anunciar a ideia, mas efetivamente refletir os posicionamentos de pluralidade, acolhimento e compreensão.
E isso exige um olhar atento a todas as ações, com etapas desenhadas para serem inclusivas, desde a tecnologia empregada até o desenvolvimento de conceitos e campanhas.
Assim, textos, fotos, áudios e vídeos precisam conter, além de medidas de acessibilidade, como descrição, legendas, hashtags, elementos que representem a diversidade dos públicos, como imagens que fujam dos padrões de pessoas brancas e magras, por exemplo.
Desta forma, para pensar em comunicação corporativa, diversidade e inclusão, é importante considerar três aspectos:
- canal: a plataforma usada para disseminação do conteúdo da marca deve contar com funcionalidades que permitam a acessibilidade de todos.
- conteúdo: o conteúdo precisa ser claro, com linguagem representativa e inclusiva, sem termos ofensivos ou que reproduzam preconceitos e estereótipos.
- design: o design inclusivo é um ferramenta que possibilita a acessibilidade por meio da interface da plataforma e do conteúdo, com padrão facilmente identificável e gerando autonomia para o usuário.
Outro fator fundamental para o sucesso de uma comunicação corporativa pautada pela diversidade e inclusão é o uso da tecnologia.
Na era digital, a moeda mais valiosa são os dados. E eles podem (e devem) ser utilizados para otimizar processos organizacionais, assim como as ações de comunicação por meio de uma melhor compreensão do público e do mercado.
Diversidade e inclusão impacta colaboradores e consumidores
Em 2020, a consultoria norte-americana McKinsey divulgou o estudo Diversity Matters (Diversidade Importa, em tradução livre), em que mensurou os impactos da diversidade e inclusão no mundo corporativo.
Na edição da pesquisa sobre a América Latina, foram entrevistados 3,9 mil colaboradores de 1,3 mil grandes companhias do Brasil, Chile, Peru, Argentina, Colômbia e Panamá.
O estudo mostrou que empresas que adotam a diversidade tendem a se destacar em dois pontos:
- superar seus concorrentes em práticas-chave de negócios como inovação e colaboração
- ter líderes mais confiáveis e ambientes corporativos mais felizes e saudáveis.
E isso se reflete na performance do negócio: empresas com melhor desempenho em Saúde Organizacional têm 59% mais chances de superar a performance financeira de seus pares.
Em outra pesquisa para avaliar os resultados de Diversidade e inclusão, desta vez entre os consumidores, a Deloitte levantou opiniões de mais de 27,5 mil de millennials e da geração Z sobre negócios, governo, clima e pandemia de Covid-19, entre outras questões.
O estudo The Deloitte Global Millennial Survey 2020 mostrou que 23% dos clientes dessas gerações se aproximam de marcas com equipes e lideranças diversas, além de políticas de diversidade claras.
Por outro lado, 17% dos consumidores disseram reduzir o consumo ou cortar relações com essas marcas ao não identificar tais aspectos.
Erros mais comuns ao trabalhar diversidade e inclusão
Como você já percebeu, diversidade e inclusão são a base de uma revolução da cultura organizacional, e não apenas novos temas para a comunicação corporativa.
Partindo daí, o primeiro erro das marcas é pensar que basta produzir peças e campanhas com conteúdos e pessoas diversas. Afinal, os consumidores percebem uma empresa que “não é de verdade”, que apenas prega um discurso sem aplicá-lo.
Outro ponto em que algumas marcas erram é não se posicionar com receio de perderem clientes. “Quem não se posiciona, é posicionado. Não precisa ser ativista, mas há o caminho do meio, o do respeito”, explicou em entrevista Ricardo Sales, que é sócio-fundador da consultoria Mais Diversidade.
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