O calvário reputacional que aflige a Volkswagen nos Estados Unidos e na Europa parece longe de acabar. Na semana passada, o ex-CEO da Volkswagen, Martin Winterkorn, voltou a depor no caso que ficou conhecido como “Dieselgate”. Iniciado em 2015, com a descoberta de que a montadora alemã alterou os softwares de controle de emissão de gases poluentes em seus modelos a diesel vendidos em vários países do mundo (incluindo o Brasil). Segundo a acusação, Winterkorn não interrompeu a venda dos carros afetados, apesar de supostamente ter conhecimento do problema. O esquema teria ocorrido na venda de mais de 65 mil veículos a diesel manipulados ilegalmente, e a descoberta causou prejuízos de cerca de 31 bilhões de euros (R$ 192 bi) até hoje, em multas, indenizações e custos legais.
Apesar de outros executivos terem sido demitidos e alguns processados, Winterkorn foi o grande responsabilizado. Conto essa história em detalhes em meu livro “Reputação empresarial: armadilhas e desafios na gestão da imagem corporativa”, lançado este ano.
Para completar esse “inferno reputacional”, também na semana passada a empresa anunciou que pode, pela primeira vez em sua história, fechar fábricas em território alemão, devido a um desempenho de vendas abaixo do esperado – principalmente em relação a seus carros elétricos – e às exigências das forças sindicais germânicas. Com 684 mil funcionários em todo o planeta, a VW tem metade de sua força de trabalho na Alemanha, que responde por apenas 13% de suas vendas totais.
Um fato não tem a ver com o outro, obviamente. Mas não deixa de chamar a atenção que mesmo marcas que já foram consideradas intocáveis, inatingíveis e de reputação à toda prova estão enfrentando desafios de imagem dificílimos.
